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  • Foto do escritorFelipe Lucas

Análise | American Gods

Atualizado: 26 de out. de 2020


Não é segredo para ninguém que uma das maiores apostas da Amazon Prime Video nos últimos anos tem sido o gênero fantasia. Um dos indícios disso foi a aquisição da licença para produzir a série de O Senhor dos Anéis, que fez com que a plataforma de stream passasse a ser considerada com muito carinho entre os fãs do gênero (e eu me incluo nessa!).


Entretanto, a Amazon já tinha nos dado uma dica que queria reinar sobre o gênero fantasia muito antes, quando celebrou sua união com Neil Gaiman, autor de grandes obras da literatura fantástica como a aclamada graphic novel Sandman. Em maio de 2017 a plataforma começou a transmitir mundialmente uma adaptação do livro mais conhecido de Gaiman, a série American Gods (Deuses Americanos), indicada duas vezes ao Primetime Emmy Awards.


A trama


A série conta a história de Shadow Moon (Ricky Whittle), um homem que cumpre três anos de prisão por roubo. Faltando poucos dias para o fim da sua sentença, Shadow acaba sendo liberado inesperadamente depois de receber a notícia que sua amada esposa, Laura (Emily Browning), morreu em um trágico acidente. Após sair da cadeia, Shadow conhece um misterioso homem chamado Wednesday (Ian McShane), que lhe oferece um emprego nada convencional.


Ricky Whittle interpreta o ex-presidiário Shadow Moon

Em um primeiro momento, Wednesday parece ser nada mais que um trapaceiro que precisa de Shadow como guarda-costas. Mas na realidade ele está trilhando seu caminho pelos EUA, reunindo todos os velhos deuses, que agora se incorporaram na vida americana, para enfrentar os novos deuses, incluindo os relacionados à mídia, tecnologia e globalização, que estão se fortalecendo e ganhando mais devotos a cada dia.


Aos poucos Shadow vai descobrindo que o destino dos seres humanos sempre foi manipulado pela mão dos deuses que agem por trás das cortinas do nosso mundo, e que ele próprio pode ter um papel central nisso tudo.


Deuses entre mortais


Assim como muitas outras obras de Gaiman, American Gods apresenta não somente um universo místico com também questões inerentes à vida humana. Através do protagonista Shadow Moon, somos inseridos em um mundo onde deuses caminham sobre a Terra e vivem suas vidas tão banais quanto qualquer outro ser humano, e é nesse mundo de extremos, onde um mesmo personagem pode ser um antigo Deus da Morte e ao mesmo tempo ser dono de funerária, que somos confrontados com questões complexas presentes na vida real.

A série mostra diversidade ao trazer divindades de diferentes culturas.

A primeira temporada conduzida pelos showrunners Bryan Fuller e Michael Green é marcada por uma produção belíssima e em vários momentos nos apresenta cenas poéticas e repletas de significado histórico e mitológico, que ajudam a destacar American Gods de outras produções do gênero. A apresentação das figuras que irão compor a trama principal, bem como o panteão dos antigos dos antigos e novos deuses, mostra como Gaiman fez uma pesquisa primorosa desencavando deuses há muito esquecidos, como o Chernobog, uma entidade eslava mencionada de forma menor em textos do século XII.


Em diversos momentos a série nos agracia com cenas poéticas.

Sob nova direção


Com as saídas de Bryan Fuller e Michael Green da função de showrunners logo após o fim da primeira temporada, muita gente já esperava que a série fosse sofrer com a mudança. De fato, ainda que o novo diretor Craig Cegielski tenha tentado manter o visual estético da primeira temporada, é possível notar a diminuição das cenas poéticas que marcaram a primeira temporada e que davam mais alma ao seriado.


A ausência da atriz Gillian Anderson, que arrasou na primeira temporada interpretando a deusa Mídia, também é um dos pontos baixos da segunda temporada. Apesar disso, a série tomou uma decisão bastante inteligente ao recriar o personagem de Gillian em uma roupagem mais moderna, a “Nova Mídia”, e a atriz Kahyun Kim serviu como uma luva para o papel.


A saída da atriz Gillian Anderson é um dos pontos fracos da segunda temporada.

Afinal, é boa?


É real a sensação que muitas pessoas têm de se sentirem perdidas enquanto assistem American Gods, isso porque o espectador sabe tanto quanto o personagem principal sobre o que está acontecendo (ou seja, nada!), e assim como ele vamos aos poucos sendo apresentados a esse universo mitológico e descobrindo quem são as figuras que o compõem e o que elas simbolizam.


O modo crítico como a série aborda temas importantes e atuais como imigração, miscigenação cultural, e racismo dignificam muito a história e os personagens. Sem dúvidas um prato cheio para todos aqueles que são fascinados não só pela fantasia como também por história, mitologia e porque não dizer, religião.



Ficaram interessados em American Gods? Se já assistiu, conta aqui pra gente o que acha da série. Não esquece também de conferir outras análises aqui do site!

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