Giulia K. Rossi
Análise | Amigas para Sempre – Você vai se apaixonar por essa amizade!
Não tem nada melhor do que uma boa e velha amizade! E o novo lançamento da Netflix, Amigas para Sempre, está aqui para provar como isso é verdade. A série, desenvolvida por Maggie Friedman e estrelada pelas veteranas Sarah Chalke e Katherine Heigl, veio para mostrar como sua “alma gêmea” nem sempre vem de uma relação romântica. E como isso também pode ser incrível!
Baseada na série de livros de Kristin Hannah, a produção busca trazer a essência das obras para agradar os seus fiéis leitores, ao mesmo tempo que conquista o público que só entrou agora no rolê (euzinha!). A comédia dramática envolve os espectadores em uma narrativa cheia de flashbacks e flashforwards (bem no estilo This is Us), conforme acompanha a vida de duas garotas, da sua adolescência à vida adulta.
A história tem início quando a jovem determinada Tully Hart (Heigl) desenvolve uma amizade inesperada com a nerd e excluída Kate Mularkey (Chalke). A partir daí, as duas garotas de catorze anos criam um vínculo que somente se fortalece com o passar das décadas, dos anos 70 ao início de 2000. Vemos ambas lidando com problemas amorosos, profissionais e até de saúde, sempre uma ao lado da outra.

Poder feminino!
Sem dúvida nenhuma, o ponto alto da série é a dinâmica das duas protagonistas. Os opostos se atraem já é um conceito mais do que clichê? Sim. Mas, não importa, pois continua sendo divertido de assistir (pelo menos para mim!). É incrível ver duas personagens tão diferentes se complementando e se ajudando a crescer.
Ah, e a química das atrizes é sensacional! Não só a de Chalke com Heigl, mas principalmente a de Ali Scovbye e Roan Curtis, que interpretam as versões adolescentes de Tully e Kate, respectivamente. Não tem como não se apaixonar!

Mas não para por aí! Em todos os momentos, ambas são apresentadas como mulheres fortes e poderosas (cada uma da sua própria maneira). A produção foi excelente em criar duas protagonistas empoderadas, que conseguem ser divertidas ao mesmo tempo que possuem histórias profundas e delicadas – o que enriquece ainda mais a narrativa.
Temos Tully, que carrega diversos traumas de sua infância por conta de sua mãe drogada, mas isso não a impediu de se tornar uma estrela do jornalismo, possuindo o seu próprio talk show (arrasou, querida!). Enquanto isso, Kate mostra como é difícil recomeçar a sua vida após se separar de seu marido, enquanto lida com a sua filha adolescente (como sempre rebelde) e busca se colocar no mercado de trabalho depois de anos desempregada.
O que podia ter sido, mas não foi
Infelizmente, ter duas protagonistas com perspectivas e vivências tão diferentes não é simples assim. Apesar de ambas terem praticamente a mesma quantidade de tempo de tela, em muitos momentos, Kate teve sua trama facilmente ofuscada por Tully. Enquanto a última possui todos os temas mais poderosos, a história protagonizada por Chalke fica mais focada em romances insignificantes e situações constrangedoras.
Fala sério, produção, a Kate é muito mais do que só o alívio cômico! Colocada como um clichê da garota nerd e tímida (se ela usa óculos, então automaticamente não é bonita, né, Hollywood?), a obra não explora todo o potencial da personagem. O seu romance com Johnny (Ben Lawson) até entretém, mas seria legal ter visto mais do seu crescimento profissional e da relação com a sua filha. Segunda temporada tá aí para isso!

Entretanto, não foi apenas a trama de Kate que prejudicou a produção. Enquanto os flashbacks foram divertidos de ver (o figurino e a maquiagem exagerada dos anos 70 sempre rendem boas risadas), o salto temporal para o futuro não surtiu o mesmo efeito. A obra quis criar um suspense para fisgar a atenção do público, mas não deu certo. Na realidade, o flashforward só pareceu mal inserido e desnecessário. No final você só fica se perguntando “por que perdi tempo com todo esse mistério?”.
Hora dos biscoitos!
Apesar da série não trazer nenhuma história inovadora, ela cumpre bem seu objetivo – entreter! As personagens são bem construídas e desenvolvidas, facilmente conquistando o coração de quem as acompanha. Até a insensível e fechada Tully, no final, se mostra muito mais do que só isso.

Outro ponto positivo da série é a sua capacidade de trazer assuntos tão delicados como (aviso de spoilers) estupro, aborto espontâneo, as dificuldades de "sair do armário" e uso de drogas, sem perder a leveza da narrativa. Você consegue rir, chorar, tudo junto! Só faltou colocar um aviso de gatilho antes, né, pessoal?!
No final das contas, Amigas para Sempre é uma série sobre o poder feminino e da amizade, e isso ressoa diretamente em muita gente. Agora veremos o que tem adiante para essas duas, e vamos torcer para que a segunda temporada seja ainda melhor do que a primeira!
