Giulia K. Rossi
Análise | Amor e Monstros - Divertido, caótico e maluco o bastante para funcionar
A Netflix veio com tudo, provando até para o seu público mais cínico que ela sabe SIM fazer boas produções cinematográficas – dessa vez até o Oscar reconheceu! O filme Amor e Monstros, dirigido por Michael Matthews, arrisca ao misturar a leveza da comédia romântica em um gênero pós apocalíptico – e ele acerta em cheio!
O longa se passa em um mundo dominado por criaturas gigantes que extinguiram mais da metade da humanidade. Os sobreviventes, no entanto, buscam refúgio no subsolo e vivem em pequenas colônias. Em uma delas, temos Joel Dawson (Dylan O'Brien), um garoto simpático que perdeu todos que amava neste novo cenário.
Após sete anos vivendo isolado com a sua colônia, Joel conversa pelo rádio com a encantadora Aimee (Jessica Henwick), sua antiga namorada. Ainda possuindo todos os mesmos sentimentos pela menina, ele toma a drástica decisão de deixar o seu refúgio e ir atrás de Aimee, que está a cerca de 130 km de distância. Entretanto, o garoto ignora um pequeno detalhe: ele não consegue matar nenhum monstro devido ao seu medo paralisante.

Um universo de referências!
A originalidade está nas pequenas coisas, certo? Atualmente, temos inúuumeros filmes que exploram um ambiente apocalítico, então, é fácil entender porque muitas dessas produções se perdem com o tempo ou caem na mesmice. Amor e Monstros, por outro lado, ousou explorar exatamente isso, se aproveitando de um imenso repertório de referências – entre Zumbilândia, The Last Of Us, Eu Sou a Lenda e até o clássico Conta Comigo – entretêm os fãs do começo ao fim.
Além disso, a produção da Netflix também traz o seu próprio diferencial - aqui o evidente fim do mundo é visto de uma maneira muito mais otimista e até (me atrevo a dizer) divertida. E isso, com certeza, é uma conquista atribuída para todos os grandes e carismáticos personagens que aparecem ao longo da narrativa. Não tem como errar com um cachorro fofo como o Boy!

A trama que foi, e as que ainda podem ser...
O universo do filme é tão cheio de possibilidades que não só seria interessante ver uma sequência da história de Joel e Boy, como também adoraríamos acompanhar outras produções envolvendo a trama da Aimee durante os fatídicos sete anos no apocalipse, as aventuras da excêntrica dupla Clyde Dutton (Michael Rooker) e Minnow (Ariana Greenblatt), e até mesmo da colônia de Joel no período em que ele estava fora. Isso porque todos os personagens são bem construídos e cheio de personalidade.
E o mesmo vale para os monstros! Sem dúvidas, outro ponto positivo do longa são os seus efeitos especiais. Inclusive, tal aspecto está tão impressionante que até mesmo está concorrendo ao Oscar! O CGI bem feito só acrescenta veracidade para a narrativa e torna tudo um pouco mais realista, mesmo em uma comédia tão cheia de bizarrices e absurdos.

Porém, é claro, não podemos esquecer do nosso protagonista. Nesse quesito, os créditos não vão apenas para o roteiro de Brian Duffield e Matthew Robinson, mas também para a atuação de Dylan O'Brien. O ator já tinha se destacado em seu papel na franquia Maze Runner e, mais uma vez, ele prova o seu talento. Presente em basicamente todas as cenas do filme, O'Brien não torna nenhum momento maçante e conduz muito bem a narrativa, mostrando naturalmente o desenvolvimento de seu personagem.
E as que não deveriam ter sido...
Contudo, o filme ainda tem as suas pequenas falhas. Em 2021, é fácil perceber que algumas piadas da produção já passaram do ponto - não precisamos mais perpetuar estereótipos de que todos os homens precisam ser "machões" e, muito menos, torná-los motivo de piada por parecerem "menininhas" demais. Chega desse humor ultrapassado, por favor e obrigada!

Fora isso, a obra também acabou por querer abordar muitas (boas) ideias, que o terceiro e último ato do filme precisou correr mais do que o necessário para conseguir introduzir tantos novos personagens e problemas. Não deixou de entreter, porém, a grande reviravolta perdeu um pouco da intensidade que poderia ter tido.
Últimas palavras!
Entretanto, nada disso impede que o filme se torne um novo clássico do gênero apocalíptico. Cheio de atuações incríveis, bom humor e uma trama interessante e maluca o suficiente, essa nova produção da Netflix surpreende positivamente. Simples e cheio de boas intenções, Amor e Monstros é, desde o início, assustadoramente apaixonante!
