Giulia K. Rossi
Análise | Big Shot: Treinador de Elite - O clichê perfeito para todos os públicos!
Não é nenhuma novidade que a Disney adora um bom drama esportivo! Entre as suas produções originais, há inúmerooos títulos que envolvem o assunto, mas hoje os holofotes vão para Big Shot: Treinador de Elite, uma das mais recentes séries do estúdio. Estrelado pelo veterano John Stamos, o seriado aposta novamente no gênero e tenta se sobressair no mar de opções. Mas e aí, será que conseguiu?
A série acompanha o temido treinador de basquete universitário Marvyn Korn (Stamos), que, ao perder a calma em um jogo e ferir o arbitro da partida (jogando uma cadeira em cima dele!), se vê obrigado a treinar um time feminino do ensino médio como sua única chance de recomeçar a sua carreira de sucesso.

Inovação na mesmice
Se você pensa em produções de esporte, já imagina os longos e inspiradores discursos no vestiário, o agressivo time rival, a cesta da vitória no último segundo e alguns outros clichês que são basicamente uma obrigação no gênero. Contudo, apesar de Big Shot não se esquivar de tais aspectos, ele inova ao trazer um elenco quase que inteiramente feminino. E eu não estou só falando do time de basquete.
Mesmo que protagonizada por Stamos, são as mulheres que roubam a cena. Temos o quinteto de jogadoras, Louise (Nell Verlaque), Destiny (Tiana Le), Olive (Monique Green), Mouse (Tisha Custodio) e Samantha (Cricket Wampler), a determinada treinadora assistente, Holly (Jessalyn Gilsig) a filha de Korn, Emma (Sophia Mitri Schloss) e, por fim, mas não menos importante, a poderosa diretora do colégio, Sherilyn (Yvette Nicole Brown).
Além de cada personagem contribuir para a história da sua própria maneira, unidas elas criam uma narrativa com um toque feminino que não é tão comum nesse tipo de produção.

Um ponto para a representatividade! (Aviso de spoilers)
Além disso, a série também se sobressai com a sua diversidade. Ela não apenas traz protagonistas negras, latinas e asiáticas, como também aposta na representatividade ao introduzir um casal LGBTQ+ na trama. Nem acredito que teve um beijo lésbico em uma série da Disney, quase chorei de emoção!
Apesar do relacionamento de Harper (Darcy Rose Byrnes) e Mouse não ter sido o foco da série (e até mesmo ter se desenvolvido de uma forma um tanto apressada), é importantíssimo saber que produções "infantis" também estão abordando este tipo de temática tão naturalmente. Espero ver mais delas duas nas próximas temporadas!

Bola fora! (Aviso de spoilers)
A série, entretanto, se perde em meio a muitas histórias e personagens. Não é uma tarefa fácil desenvolver o protagonista ao mesmo tempo que os secundários (e terciários) não são colocado de lado, ainda mais quando são tantos. E foi justamente nisso que Big Shot deixou a desejar. Ao introduzir alguns dramas novelescos e romances clichês desnecessários, a produção não atingiu todo o potencial que era capaz.
A história de Destiny com as suas supostas tia e mãe foi interessante, mas pareceu jogada nos episódios finais sem ter tempo de brilhar como deveria. O mesmo vale para a trama da prisão do pai de Louise, que serviu apenas para ocupar tempo de tela ao invés de focar no verdadeiro drama paterno da personagem: as expectativas do seu pai sobre o basquete.
Diferente do romance apressado de Olive com o antigo bad boy Jake (que não irei passar pano de jeito nenhum!), com sorte teremos uma segunda temporada onde todas as histórias e personagens que não foram tão explorados terão o seu momento sob os holofotes! Mas, por enquanto, vamos aplaudir grandes tramas que a série abordou, como a influência e pressão das redes sociais na vida dos adolescentes e o crescimento do protagonista tanto como pai quanto como pessoa.

Vai Sirens!
Excluindo essas pequenas "faltas", Big Shot é um ótimo entretenimento para todos os públicos. Com atuações excelentes, personagens bem desenvolvidos e uma pegada mais madura do que algumas obras do estúdio (como a sua concorrente The Mighty Ducks), a série encontra o seu próprio espaço na mesmice e conquista o coração do telespectador.
Sem dúvidas, não é fácil deixar os estereótipos de lado, porém a nova produção é muito mais do que apenas sobre esportes. No fim das contas, Big Shot é tanto uma série sobre pais e filhos, amizades, primeiros amores, aceitação e amadurecimento, quanto sobre o amor pelo jogo. Uma ótima surpresa para os fãs do gênero!
