Giulia K. Rossi
Análise | Esticando a Festa - Um leve clichê que não tem medo de emocionar!
A gente adora um bom clichê, e a Netflix sabe disso! O novo filme da plataforma de streaming, Esticando a Festa, aposta em uma fórmula conhecida, mas se destaca entre a mesmice por conta de seus personagens carismáticos e o seu enredo emocionante, que, mesmo não surpreendendo, deixa o público com o coração quentinho.
A produção estrelada por Victoria Justice (nostalgia bateu!), acompanha a festeira Cassie, uma jovem que sofre um trágico (e cômico) acidente na semana de seu aniversário e morre. Entretanto, para partir para o além, ela precisar resolver todos os seus assuntos inacabados na Terra, o que envolve arrumar o seu relacionamento com a sua melhor amiga, seu pai, e a sua ausente mãe.

O choro não é opcional!
Pela sinopse genérica, o filme parece mais um entre as váaaaarias produções hollywoodianas, que usam e abusam do conceito "angelical". Contudo, Esticando a Festa é uma ótima surpresa para fãs do tema, entregando uma trama tanto divertida quanto repleta de cenas tocantes. Se você achou que jamais acabaria em lágrimas em uma comédia da Netflix, pense de novo!
O longa conta com diversos momentos emocionantes, que surpreendem o espectador com uma profundidade que não é comumente esperada em obras do gênero. Ainda que o humor não apareça tanto quanto poderia, o filme chama atenção pela menção de assuntos como luto, abandono e aceitação, explorando mais do que apenas um romancinho ou uma comédia boba, e se desenvolvendo em dramas familiares e inseguranças da protagonista. No fim das contas, a personagem de Cassie se mostra como muito mais do que apenas uma patricinha festeira.

As almas da festa!
As mensagens poderosas, entretanto, não são as únicas coisas que fazem o filme brilhar. Victoria Justice conquista a audiência com todo o seu carisma, e o mesmo vale para Midori Francis como Lisa, a nerd e desajeitada amiga de infância da protagonista. A química da dupla é inegável, não só nos momentos felizes, como também naqueles de maior tensão. A amizade entre as jovens parece genuína o suficiente para torcermos por elas do início ao fim, mesmo entre brigas e decepções.
O longa deixa o espectador sorrindo todo momento que Justice e Francis dividem a tela, construindo uma forte amizade feminina entre as suas personagens, que é, na verdade, a principal história de amor do enredo, mesmo levando em conta o fofo romance entre Lisa e o seu tímido vizinho (às vezes a nossa alma gêmea não vem de um par romântico, e tá tudo bem).

Nem tudo tem seu tempo... (Aviso de spoilers)
Contudo, Esticando a Festa perde a sua intensidade no final, e entrega um desfecho bobo e forçado, que é difícil de engolir, mesmo em uma história sobrenatural. Em um filme feel good estilo sessão da tarde, já é de se esperar um fim tipicamente feliz e quase que fantasioso, contudo, ao seguir na mesma onda, o longa da Netflix força a barra e acaba por não atingir todo o potencial que tinha. Afinal, você vai realmente me dizer que a última cena de Cassie com Koop era necessária?
Além disso, o filme demora um pouco para encontrar o seu ritmo, com uma introdução desnecessariamente longa, que custa para chegar naquilo que interessa: a morte de Cassie. E, infelizmente, o tempo não é amigo de produções audiovisuais. Com menos de duas horas de duração, o longa se apega em cenas descartáveis e perde espaço para desenvolver todos os personagens que coloca em cena, que não a protagonista. Aqui vale mencionar especialmente a relação de Cassie com a sua divertida anja da guarda, Val (Robyn Scott), e com a sua pequena meia irmã.

O bom e velho clichê
Naturalmente, filmes com muitos personagens e relações importantes, acabam por desenvolver algumas tramas melhores do que outras. Entretanto, embora Esticando a Festa cometa suas pequenas gafes, de modo geral, a comédia oferece uma leve e tocante história sobre amizade, família e amadurecimento. Entre personagens carismáticos, um enredo envolvente e uma trilha sonora animada, o longa surpreende e aposta no melhor de todo o clichê.
