Giulia K. Rossi
Análise | Euphoria: Segunda temporada - Uma linda confusão
A segunda temporada de Euphoria chegou com tudo! O novo ano da produção fez o público rir, chorar e, é claro, ficar de queixo caído, do jeitinho que o seriado consegue fazer desde os primeiros episódios. Não é a toa que a série rendeu tantos memes na internet, se tornando a obra mais comentada da década no Twitter. Mas será que o segundo ano realmente cumpre todas as expectativas deixadas após o estrondo da primeira temporada?
Os novos capítulos finalmente revelam o destino de Rue (Zendaya) após a sua recaída no mundo das drogas. Porém, equilibrar o seu vício com a sua vida social será mais desafiador do que imagina. Enquanto isso, também acompanhamos os seus colegas de turma e amigos lidando com mais problemas, quando novos relacionamentos são formados, e velhos são destruídos.

O Emmy vem aí!
Sem sombra de dúvida, o segundo ano da série continua mostrando a excelência de Sam Levinson como diretor, e uma técnica impecável de atuação e cenografia. Entre diálogos potentes e uma fotografia de tirar o fôlego, a nova temporada até mesmo excede as expectativas em tais quesitos, construindo uma obra de arte em cada cena que presenciamos (às vezes, literalmente).
Zendaya mais uma vez mostrou que nasceu para interpretar Rue e não será nenhuma surpresa se a atriz levar o Emmy pelo segundo ano seguido. Entretanto, não é apenas ela que se destacou positivamente no novo ano - está na hora de falarmos de Cassie! Afinal, gostando ou não das atitudes da personagem, Sydney Sweeney está simplesmente brilhante no papel. Quem sabe teremos uma dupla estatueta para a produção, não é mesmo?

Aquele famoso: "o que os escritores estavam pensando???"
Entretanto, o segundo ano decepcionou (e muito) em algumas partes. Então vamos discorrer sobre o que interessa: o que queríamos ter visto na segunda temporada! (AVISO DE SPOILERS)
Euphoria é aquela série adolescente, mas que de teen não tem nada, apostando em tramas verdadeiramente impactantes, sem medo de impressionar o público. Porém, a trama acabou enfraquecida por um uma linha temporal confusa, entrelaçada em um vai e vem de narrativas que dificultam a compreensão do telespectador, e no destaque de histórias pouco relevantes (um grande selo de desaprovação para o pior casal da história: Cassie e Nate! ), as quais foram um tanto... entediantes.

Entre desaparecimentos e descobertas
Contudo, o roteiro não foi só afetado pelas más decisões visíveis, como o acréscimo de personagens inúteis (até agora não entendi quem é aquela tal de Faye), mas também pela escolha do que simplesmente não aparece. Afinal, se você amou ou não a nova temporada, uma coisa é unânime entre os fãs da produção: onde diabos a Kat foi parar?
A personagem interpretada por Barbie Ferreira era uma das favoritas do público e tinha uma das histórias mais relevantes da série, falando sobre assuntos sensíveis e importantes, como body positive e auto aceitação. Porém, Kat infelizmente caiu para escanteio no segundo ano, servindo apenas como "sideckick" de Maddy (Alexa Demie ), com raras cenas próprias ou sobre o seu relacionamento com Ethan (injustiçado demais!).

Outro sumido do rolê foi McKay (Algee Smith), o ex namorado de Cassie. Mesmo não sendo o personagem mais adorado pelos telespectadores, ele tinha sua importância, mas nos novos episódios apenas deu a cara na festa de ano novo e depois nunca mais foi visto. Um verdadeiro caso de desaparecimento. O mesmo vale para Jules (Hunter Schafer), que apareceu esporadicamente entre os capítulos, sem brilhar tudo o que podia.
Entretanto, entre os sumiços repentinos, também tivemos alguns achados incríveis. Enquanto o novo ano pecou em explorar melhor os personagens que já conhecíamos, ele brilhou ao aproveitar aqueles que viviam como segundo plano, mas já conquistavam nosso coração. Com certeza o desenvolvimento de Lexi (Maude Apatow) foi um dos melhores aspectos da temporada, assim como a sua memorável peça de teatro e a sua relação com Fezco (Angus Cloud) - Alguém me diz que ele não tá morto, por favor!

Nem tudo se salva, nem tudo se perde
Infelizmente, a narrativa da segunda temporada cambaleia entre novas e velhas tramas, sem saber concluir muito bem nenhuma das duas, o que prejudica o desenrolar dos episódios. Porém, mesmo falhando no seu desenvolvimento a série se sobressai em seus aspectos visuais, entregando uma verdadeira obra de arte cinematográfica. É uma pena que um ponto não é a salvação do outro.
De modo geral, após conquistar a excelência em seu primeiro ano, a segunda temporada estreou na HBO Max como uma bela de uma confusão. Porém, é uma bagunça tão bonita, que a gente não consegue desviar o olho.
