Giulia K. Rossi
Análise | Família em Concerto - Música boa, mas cenas fora de sintonia
Risadas, canções, e momentos que vão deixar o seu coração quentinho – tudo isso você encontra na nova produção da Netflix, Família em Concerto! Criado por Caryn Lucas, o sitcom é estrelado pela talentosa Katharine McPhee e, sem medo de apostar no emocional, a série conquista todos que estão dispostos a dá-la uma chance.
A comédia, logo de cara, nos introduz a extrovertida Bailey Hart (McPhee), uma aspirante a cantora country que acabou de perder sua banda e o seu namorado de longa data – tudo no mesmo dia. Sem rumo, ela se vê aceitando o improvável emprego como babá dos cinco filhos de um caubói viúvo, Beau (Eddie Cibrian).

Não demora muito, então, para a série nos apresentar cada um dos membros da família. Temos o mulherengo Tuck (Ricardo Hurtado), o desajeitado Brody (Jamie Martin Mann), o inteligente Dylan (Griffin Thomas Mcintyre), a temperamental e encantadora Cassidy (Shiloh Verrico) e, por fim, a adorável Chloe (Pyper Braun). Um dos aspectos mais interessantes da obra é a dinâmica de todos uns com os outros, especialmente por conta da perda da mãe das crianças e do novo relacionamento do pai com a atraente Summer (Janet Varney)
Falta de ritmo
O roteiro do sitcom, entretanto, vem acompanhado com algumas falhas (algumas maiores do que outras). O começo da série, por exemplo, tem um ritmo acelerado que, infelizmente, não favoreceu a narrativa. O excesso de estereótipos e de clichês também não ajudou. Tudo aparenta um pouco forçado demais – até mesmo os sotaques dos atores. Como devemos nos importar com personagens que mal conhecemos? E por que, de repente, todos os filhos estão tão obcecados por uma mulher que acabaram de encontrar?
Facilmente, Família em Concerto varia de 1 a 10 no gosto do público, e é compreensível. A trama perde o foco em certos momentos e acaba por desperdiçar o potencial que teria se tivesse deixado de lado romances toscos (Boone, essa é para você!), atitudes pouco inteligentes da protagonista (A Bailey é, de fato, uma boa babá?), aspectos machistas e ultrapassados, e situações que valorizam o humor, mas acabam por simplesmente esquecer o bom senso.

A paciência compensa!
Contudo, para aqueles que não desistiram e foram procurar outra coisa para maratonar, a série surpreende. O início turbulento evolui e, gradativamente, tanto a trama quanto os seus protagonistas crescem no espectador. Continua sendo exagerado? Sim. Mas, como um bom sitcom, ele faz com que o púbico abrace o absurdo e se divirta ao longo do caminho.
É claro que a temporada e os episódios curtos acabam por dificultar o aprofundamento de todos os personagens igualmente. Ainda mais em um elenco tão grande. Porém, Shiloh Verrico (Cassidy) brilha em seu papel e, sem dúvidas, entrega para a audiência os momentos mais tocantes do seriado, seguidos pelas cenas de pura fofura que Pyper Braun (Chloe) nos proporciona. Além disso, uma surpresa agradável foi ver que a personagem de Janet Varney (Summer), a típica mulher ciumenta e superficial, é, na verdade, muito mais do que aparenta.

Além disso, outro aspecto positivo da obra, com certeza, são as músicas, que agradam qualquer fã de country. As vozes de todo o elenco (especialmente o infantil) não podem passar batido! O que falta de desenvolvimento em certas partes da narrativa, a série compensa com canto, harmonia e uma melodia contagiante.
Para todo mundo aproveitar juntinho
Porém, Família em Concerto não é a sua típica comédia. A série ousa explorar um assunto pouco visto no gênero e ousa mais ainda ao colocá-lo como uma das questões centrais de toda a trama – o luto. É aqui que a produção atinge o seu verdadeiro potencial. Sem perder a leveza das cenas em família, os assuntos sérios e importantes também aparecem com a mesma intensidade. Ninguém é bem-humorado o tempo todo, e tá tudo bem!
Portanto, dito tudo isso, a série continua trazendo esse sentimento nostálgico e familiar, que temos ao assistir produções como Fuller House, também da dona Netflix. Apesar de suas falhas, vale ressaltar que (como o próprio nome diz) ela cumpre muito bem o seu propósito: reunir toda a família no sofá e entretê-la até o fim.
