Análise | Missão Presente de Natal
Vamos para mais um filme de Natal da dona Netflix! Esse ano podemos ver que menos não é mais para a plataforma vermelhinha, e fomos contemplados com uma enxurrada de filmes natalinos.
Então bora conversar sobre um deles, que é com uma proposta um pouco diferente, o “Missão Presente de Natal”.

Quando digo que é uma proposta “um pouco” diferente, é porque o romance tradicional desse tipo de filme se inspirou em contexto real de uma instalação militar norte-americana em uma ilha do pacífico sul. Quando pensamos nisso, sendo nós uma população não norte-americana, já imediatamente pensamos “lá vai os EUA querendo dominar o que não é deles!”, porém, militância e posicionamentos geopolíticos de lado (gastei no vocabulário heim?)... O filme começa com a notícia de que os representantes militares que estão nessa instalação estão planejando uma missão aérea de enviar mantimentos e presentes de natal para as ilhas com maior dificuldade de acesso. Essa ideia gera um desconforto lá na Casa Branca e uma agente política é mandada por sua superior para a ilha a fim de fazer um “relatório” do que está sendo feito por lá (com a ordem de intencionalmente anular a missão), entendendo que exista o desvio de dinheiro para uma ação desinteressante aos ganhos do estado, mesmo que bem intencionada.
E aí, nesse caso, começa aquele clássico romance óbvio. Não me leve a mal, eu AMO esses filmes de natal. Sou uma romântica tradicional. Porém assistimos a esse filme com a expectativa de que nos levará a uma experiência um pouco diferente da comum... sei lá, uma inspiração à Nicholas Sparks, por exemplo? Onde usa da mesma fôrma para fazer bolos diferentes, porém com decorações tão singulares uma da outra que sempre dá vontade de experimentar mais um (eu disse que sou romântica clássica).
Enfim, é dada a missão para a agente política Erica Miller (Kat Graham, nossa bruxa querida de Vampire Diaries) de ir à ilha de instalação da tropa militar, a qual aceita sem hesitar mesmo com aquele leve draminha de “ó meu Deus, é próximo do Natal”. Nos é pincelado que existe uma dificuldade da mesma de passar o natal com o pai desde que a mãe faleceu e o pai recasou, porém meio que fica por isso mesmo e ela procura sempre evitar passar o natal com eles. Também nos é apresentado o comandante Andrew Jantz, que imediatamente vemos que é o Cato de Jogos Vorazes renascido e buscando compensar seus erros lá na arena de Panem. Ele é um cara de coração grande, família (inclusive até meio cafona) porém malandramente sedutor.

Alerta de "Spoiler" e sarcasmo: Eles farão um casal no final? Sim ou sim?
Erica chega à ilha com a pompa de “não me toques, sou grosseira e pró-ativa, estou aqui a trabalho e julgo todos vocês”. E Andrew é selecionado para recebê-la justamente pelo seu bom jeito com pessoas, na intenção de contorná-la e mostrar que a missão é algo positivo e não está sendo usado dinheiro do estado. Por jeitinhos do destino, ele vai provando que absolutamente tudo que eles têm lá, inclusive gigantes árvores de natal vindas dos EUA, foram doações e trazidas por um amigo de um amigo que tinha lá seu contato com navios cargueiros que coincidentemente iam para a ilha... Milagres de natal, certo? Os dois tem o comum conflito de ego durante o agilizado primeiro ato, e depois a história vai fluindo enquanto Erica é cativada pela proposta da missão e vivencia as carências e belezas do local, além da vivacidade que viver ali promovia.

De todo modo, considerando que estamos tratando de filme de natal, valorizo a tentativa de se fazer um roteiro diferente e, por isso, vale nossa atenção para um momento de descontração e leveza. Infelizmente a ambição e expectativas de roteiro é nitidamente maior do que a produção permitiu que saísse. Um exemplo é o “lagarto” de animação andando pelas paredes que, inicialmente, nos é apresentado como o símbolo de sorte da ilha, mas nunca mais se fala sobre ele, aparecendo esporadicamente e mostrando ter sido um esforço em vão de criá-lo e se tornando meio “bobo”.
O mesmo acontece com a rapidez que tentam mostrar o caráter dos personagens principais, em que a agente ao ver que estava à frente de crianças em situação de carência (mesmo que claramente com enorme riqueza cultural), resolve abrir sua bolsa e “doar” para a criança tudo que tinha dentro ela, inclusive a própria bolsa. Honestamente, no filme isso é visto como uma pessoa que se importa com o outro, eu particularmente vi como uma grande condescendência meritocrata americana. Mas, como é um filme americano feito para americanos, ele funciona.

De qualquer maneira, estamos aqui para fazer resenha e analisar o filme. É por isso que precisamos ser imparciais e fazer uma crítica responsável. A partir disso, lendo esse meu texto todo, parece que odiei! Haha Mas, como deveríamos, eu entendo o momento de ser crítica cinéfila e o momento de ser uma romântica que gosta de um filminho mamão com açúcar de espírito natalino e otimismo para aquecer o coração. Nesse caso, essa é a opção para você como foi para mim.
E ai? Concordam com essa crítica contraditória em si mesma? Nos diga por aqui e FELIZ NATAL (antecipado)!
