@luigienricky
Análise | Good Girls - Temporada 3
Atualizado: 26 de out. de 2020
Temporada três chega para dar continuidade ao sucesso desta que é a personificação da sororidade no mundo das séries, mas deixa um gosto amargo na boca pois perde muito do seu humor característico com uma pegada mais sombria do que estávamos acostumados até aqui.

Annie (Mae Whitman - As vantagens de ser Invisível), Beth (Christina Hendricks - Zoolander 2) e Ruby (Retta - Good Boys) tocando seu novo negócio ilícito como ninguém
Contextualizando...
Imagina que você é uma dona de casa cansada do marido e da monotonia dessa vida de ser mãe e esposa ou que você é uma mãe com uma filha doente com risco de morte ou que você é só mais uma desajustada mais irresponsável que o filho adolescente... Este é o perfil das três protagonistas de Good Girls que lá na primeira temporada decidem assaltar um mercadinho para arrecadar uma graninha.
O problema foi que elas roubaram muito mais do que tinham calculado e acabam descobrindo que aquele mercadinho, na verdade, era uma fachada para lavagem de dinheiro do traficante local. É aí que as três entram na mira da quadrilha e acabam tendo que lavar dinheiro pra eles como moeda de troca por muita mais grana, até pagarem o que devem, é claro!
O que Annie, Beth e Ruby não esperavam, é que logo o FBI entraria na sua cola e muito em breve precisariam lutar para não serem presas enquanto lavam dinheiro agora sob a promessa que não seriam mortas e feitas em picadinho.
Este é o contexto do que Good Girls é até o final de sua segunda temporada, quando Beth resolve por um fim a isso tudo e dar três tiros na fuça no traficante que estava passando nos limite com elas.

Só assisto Good Girls pela trama! A trama...
Mais sombrio que o normal
Na mais recente temporada, a série passa por uma mudança radical no seu tom, se tornando mais madura e sombria. Ao mesmo tempo em que Annie e Ruby tentam fazer de tudo para sair desse mundo de crime, Beth parece ainda mais atraída por toda a adrenalina causada pela situação. Ironicamente, ela é a única que "não tem motivos" para procurar uma saída na criminalidade.
Depois de achar que matou o traficante Rio, Beth continua seu programa de lavagem de dinheiro, achando que tudo está indo bem, mas é claro que ela está redondamente enganada. Assim que Rio volta e mata uma das novas amigas das protagonistas, elas percebem que nunca correram tanto risco e resolvem contratar um assassino profissional para por fim de uma vez por todas nessa situação fora de controle.
Nem tudo são flores


Duas atrizes de Orange Is The New Black passam a integrar o elenco de Good Girls e cumprem perfeitamente o papel de personagens desperdiçados.
Alguns problemas vindos desde a primeira temporada não foram corrigidos e provavelmente nem serão. Os episódios são um pouco desconexos e é fácil você perder a noção de tempo e o rumo da história entre um episódio e outro. O elenco tem muitos desperdícios de personagens, principalmente as crianças que sempre são um excelente destaque em séries de comédia como Luke e Lily (Modern Family) ou a Michelle (Full House), as únicas crianças com algum destaque são os filhos de Annie e Ruby que após a resolução de seus respectivos arcos, perdem a relevância e interesse de quem esta assistindo.
A falta de interação entre os personagens também incomoda e fica um pouco repetitivo pois eles interagem apenas com seus respectivos núcleos e perdem a chance de ter momentos emocionantes se tivessem pensado em algumas misturas melhores de interação. Os momentos emocionantes, característicos da série, foram deixados de lado completamente e toda a atmosfera cômica deu lugar a um tom sombrio demais causando até um certo desconforto em quem assiste justamente para descontrair e relaxar.

Beth tem se tornado cada vez mais fria e já tem um ar de chefona do crime no melhor estilo Bibi Perigosa
Sem remorso dessa vez!
Good Girls chegou em um ponto que você deixa de torcer para que as protagonistas criminosas se deem bem no final e torce para elas irem pra cadeia logo pois começam a passar dos limites do aceitável, passando a agir simplesmente porque assim é mais fácil ganhar dinheiro.
Isso é um ponto super positivo no roteiro e nos prepara para a quarta e última temporada em que qualquer coisa pode acontecer, inclusive um desfecho bem diferente do otimista que possamos estar esperando, mas não deixa de ser um risco podendo afastar os espectadores mais sensíveis. Mesmo que eu não tenha gostado, entendo que faz parte da evolução das personagens e para o enriquecimento da trama central e do roteiro.
Todas elas parecem não se importar mais com as consequências de seus atos após a morte de uma amiga e, principalmente a Beth, não se sentem mais culpadas com os meios ilegais de conseguir dinheiro, mesmo que mais pessoas inocentes possam sair machucadas disso.
Outro ponto positivo é a trilha sonora impecável que não erra em nenhum momento das três temporadas (tem até Pabllo Vittar papai). É uma série que recomendo muito para quem gosta do tema de lavagem de dinheiro, drogas, etc... Eles tentam fugir dos clichês característicos, mas já começam a mostrar que não vão conseguir no final das contas.

E a aluna quase supera o mestre no quesito frieza
