marianafrancomague
Análise | Mank - Uma carta de amor ao cinema clássico
Continuando nosso especial Globo de Ouro, hoje a análise é de Mank, um dos favoritos tanto ao Globo quanto ao Oscar. Além disso, o filme foi o recordista de indicações a premiação, contabilizando 6 nomeações. E para aqueles que ainda não assistiram, o filme acompanha o árduo processo do roteiro de Cidadão Kane, escrito por Herman Mankiewicz "Mank" (Gary Oldman) no começo da era de ouro do cinema em Hollywood na década de 30 e 40.

O ideal seria vocês terem assistido a Cidadão Kane, mas basicamente o que precisam saber é que o filme foi dirigido, produzido e estrelado pelo prodígio Orson Welles, após ficar famoso por fazer metade dos Estados Unidos acreditar que alienígenas estavam invadindo a terra. Ao ler o livro Guerra dos Mundos no rádio, ele é contratado pela RKO com carta branca para criar o filme que quisesse com quem quisesse. É neste momento que ele escolhe nosso Mank para roteirizar.
No filme de 41, assistimos a ascensão e queda de Charles Kane, um magnata que construiu um império de mídia. Para isso, Mank se inspirou (e muito) em William Hearst e estava claro que não receberia os créditos pelo roteiro, mas ao finalizar o trabalho, exigiu que Wells o creditasse. Agora que estamos na mesma página, vamos a análise. Ufa!!
Uma carta de amor ao cinema clássico
O filme por si só é uma grande homenagem a Cidadão Kane, revivendo figurinos, fotografias, cenários, planos de filmagem, além do conteúdo ser preto e branco. Outro ponto que vale destacar são as cena com uma inserção de texto, com a grafia de uma máquina de escrever, descrevendo o lugar, o ano e o período do dia que se passa cada cena, como se estivéssemos lendo um roteiro de cinema.

ssim como em Cidadão Kane, a história de Mank não é linear, pois temos varias idas e vindas no tempo. Pode parecer confuso no início, mas tudo se conecta ao longo da narrativa. É como é citado na obra:
"Não podemos contar a vida de um homem em duas horas, podemos apenas tentar passar a impressão que contamos."
A era de ouro que na verdade era bijuteria
O filme mostra uma visão dos bastidores de Hollywood que pode decepcionar alguns cinéfilos mais românticos, pois retrata uma indústria que visava mais o dinheiro do que qualquer outra coisa, tudo encabeçado por Hearst (Charles Dance), que financiava a MGM Pictures para tornar sua amante, Marion Davies (Amanda Seyfried), a maior estrela do cinema americano.

Mostrando como a indústria do cinema influencia na politica e vice e versa, com os EUA mergulhados na Grande Depressão, a fuga da população era o cinema. Assim as grandes produtoras enriqueceram muito naquela época, e pessoas como Mank, que priorizavam a arte antes do dinheiro, acabavam derrotados pelo sistema já implantado.
Enfim a hipocrisia
A grande discussão em torno da autoria do roteiro de Cidadão Kane acaba sendo apenas um detalhe em Mank, sendo que o personagem de Wells (Tom Burke) tem muito pouco tempo em tela, e quando chegamos ao clímax, em paralelo temos o roteirista exigindo os créditos enfrentando o diretor prodígio.
O diretor de Mank é David Fincher, que pegou um roteiro que seu pai havia escrito nos anos 90, mas o texto foi finalizado por Eric Roth. No entanto, quem é creditado no filme é o pai do diretor, coincidência não?

Na época, Cidadão Kane foi indicado a nove Oscars, ganhando apenas um, o de melhor roteiro. Nem Mank nem Wells compareceram à cerimônia, mas o roteirista recebeu a estatueta em sua casa, muitos falam que o filme foi prejudicado pela publicidade negativa que William Hearst fez.
Mank é um tributo ao cinema clássico e os telespectadores vão delirar, além de se sentirem satisfeitos com um bom drama.

Aproveitem para nos seguir nas redes sociais!!