@luigienricky
Análise | Pretty Guardian Sailor Moon Eternal: O Filme - Socorro!!!
Citando a teoria do meu amigo e também video maker desse site, algumas obras têm prazo de validade e se você ficar um período muito longo sem consumir aquele material, ele pode não passar nos padrões de qualidade, decência e bom senso para você. Acrescento a esta teoria a ideia de que se você quiser reviver algo tão antigo, ele PRECISA ser repaginado para que o resultado final não seja essa atrocidade chamada Pretty Guardian Sailor Moon Eternal: O Filme. Quer saber o que achei dessa... Obra? Vamos começar...

Precisamos falar sobre "Adaptação"
Ainda que este filme da dona Netflix siga a risca o roteiro da obra original, precisamos lembrar que o mangá de Sailor Moon foi publicado a primeira vez no Japão em 1991 e acho que não preciso lembrar a vocês como foram os anos 90, não é? Banheira do Gugu mandou lembranças.
A começar daí, adaptações PRECISAVAM ser feitas, não importa o conteúdo original, coisas que não são toleráveis hoje em dia e que não eram toleráveis nos anos 90 PRECISAVAM ser removidas do roteiro e até banidas pra sempre da TV. Correndo risco de parecer moralista demais, acreditem, eu não sou, Sailor Moon da vários e vários closes errados que vão desde a romantização da dependência afetiva até pedofilia, que é "justificada" pelo roteiro pois o homem adulto em questão é na verdade um unicórnio. É tanto close errado que parece até CPI da Covid.

Quando eu era pequeno, era muito fã de Sailor Moon, inclusive tenho os mangás e reli recentemente. Nessa releitura já não prestei muita atenção aos detalhes pois já estava achando muito bobo e infantil. Pretty Guardian Sailor Moon Eternal: O Filme conta a história de um dos últimos arcos do mangá divido em dois longas de 1h20min aproximadamente e, dessa vez, pude acompanhar sem interrupções o desenrolar da história que me deixou horrorizado.
Em tempos em que o Japão é um dos líderes mundiais de suicídio e estupro, não é de se espantar que situações como as citadas acima estejam tão enraizadas em obras que, em teoria, são voltadas para o publico feminino infanto-juvenil. Homens adultos que se aproximam das garotinhas com promessas de amor não são raros de encontrar nesse tipo de obra, isso é muito sério e absurdo. Para quem não mora no Japão mas consome sua cultura, fico triste e queria que isso mudasse o mais rápido possível, me choca muito a Netflix dar o Ok final para que esse filme saia na plataforma.

Tudo que envolve Chibiusa é absurdo e deveria ser considerado um crime. Além do já citado romance com um homem unicórnio adulto, ela ainda sexualiza a protagonista Usagi e começa o filme sendo apaixonada por Mamoru, que em teoria, são seus pais. Isso é doentio, é feio, não é engraçado e nem romântico. Se você não vê problema nisso, vai se tratar você também!
Precisamos falar sobre "Roteiro"
Como mencionado no tópico anterior, Pretty Guardian Sailor Moon Eternal: O Filme não é uma nova história sobre as Sailors protetoras da Via Láctea, e sim a continuação do anime, sendo assim, ele será completamente confuso para quem não é familiarizado com a história. Para tirar a prova e ter uma segunda opinião, assisti com meu marido que ainda é da turma que chama a Usagi de Serena. Ele não entendeu absolutamente nada sobre a história e só ficou chocado com tanta b*sta passando na TV.
O Roteiro não se importa se você vai entender de onde as Sailors vieram, se você sabe quem elas são ou qual objetivo de cada uma delas. A história também é corrida e sem sentido e precisei parar o tempo todo para dar algum contexto do que estava acontecendo.
Sem contar que a história de Sailor Moon nunca foi a mais complexa e inteligentemente desenvolvida, sempre foi mais do mesmo com o mesmo desenvolvimento em cada arco. Aqui, durante um eclipse, uma trupe de vilãs que nasceram na Amazônia, saem da Lua (?) e querem dominar o mundo através dos pesadelos das pessoas. Troque "pesadelos" por "amor" ou "sonho" e você tem exatamente a mesma história das sagas anteriores.

Para piorar ainda mais a sopa de chorume que esse filme se tornou, ele é irritantemente repetitivo, desde as animações dos ataques, até o roteiro que usa das mesmas artimanhas para construir a trama fraca e sem graça. Depois de (e se) assistir, você vai ficar com as palavras Prince e Princess ressoando na sua cabeça como aquela maldita música do Baby Shark (que só porque mencionei você já dever ter começado a cantarolar mentalmente).
E isso faz com que voltemos lá no inicio dessa análise. A adaptação é necessária. Como o roteiro se baseia em uma obra escrita e de lançamento semanal, você não sentirá que está em um looping infinito enquanto está lendo, mas a coisa muda se você ficar quase 3 horas na frente da TV ouvindo e vendo sempre as mesmas palavras, frases de efeito e situações.

Precisamos falar sobre "Dublagem"
Eu não sou nenhum mestre de dublagem e nem especialista, mas gosto de apoiar a dublagem nacional além de ter feito um curso com o querido Wendel Bezerra! E o que tenho pra falar é que a dublagem desse filme não funcionou. Seja pela escolha de algumas atrizes, seja pelo fato de parecer amador.
Sei que muitas das minhas reclamações são pré definidas ou escolhidas pelo cliente que encomendou a dublagem, então talvez a voz do Naruto na Chibiusa tenha sido escolha dessas pessoas ou mesmo terem optado por manter palavras em inglês o tempo todo em uma história já difícil de entender. Mas a minha reclamação aqui é para coisas que o próprio Wendel em seu curso disse que o incomoda, como o fato de usarem pausas em excesso no meio de uma frase para poder sincronizar os lábios corretamente, é horrível.
Como fã e espectador, também acredito que se as palavras usadas demasiadamente estivessem traduzidas, não seriam tão negativamente marcantes para meus ouvidos. Quer uma dublagem nacional de qualidade? Vai assistir One Piece ou Demon Slayer na Netflix!
Fui lacrar, c*guei

Não sei (e nem me importei em pesquisar) se a autora da obra original é LGBT ou se ela só tem fetiche com lésbicas e ódio de gays, mas ao tentar trazer representatividade para a obra, ela acabou prestando um grande desserviço à comunidade. Vamos aos fatos:
O trisal formado por Sailor Pluto, Sailor Uranus e Sailor Neptune não funciona muito bem, além do uso indevido de nomenclaturas de gênero que podem confundir ao invés de ensinar, por exemplo: Uranus é uma mulher mas é tratada pela filha adotiva como "papai" o tempo todo. Mesmo que ela seja uma pessoa não binária, isso poderia ser ao menos citado durante o filme, até porque, quando a obra foi lançada não se falava sobre identidade de gênero e o que deveria ser um lindo trisal formado por duas mulheres lésbicas e uma pessoa não binária, acaba parecendo apenas um fetiche de uma idosa curiosa. Isso me incomodou pois cai naquele estereótipo nojento de "quem é o homem da relação?". Se você é LGBT já deve ter ouvido isso e sabe o quanto da vontade de deitar a pessoa na porrada.
Já os gays representados no filme, são todas pocs vilanescas, o que me deixou extremamente ofendido. Até tentei forçar um sorriso amarelo, mas não deu... Esse filme é TODO ERRADO e não vou nem pedir para que vocês tentem dar uma chance, foram horas perdidas da minha vida que nunca mais voltarão.
