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  • Foto do escritorGiulia K. Rossi

Análise | Radioactive - História mal contada de uma grande cientista

Hora de enaltecer uma das mulheres mais fantásticas da história da ciência - Marie Curie, a primeira e única mulher a ganhar dois prêmios Nobel! O filme produzido em 2019 e recém lançado na Netflix, Radioactive, vem com a proposta de contar sobre a vida da cientista, incluindo todos os seus feitos antes e depois da descoberta da radioatividade. Entretanto, nesse caso, as boas intenções não foram o suficiente.


O longa de Marjane Satrapi nos apresenta Marie (Rosamund Pike), uma mulher batalhadora e determinada a ter as suas pesquisas científicas valorizadas em um campo dominado pelo gênero masculino, especialmente em meados do século XX. Entretanto, ela encontra um inesperado aliado no brilhante cientista, Pierre Curie (Sam Riley), um homem fascinado pelo seu trabalho. Juntos, desenvolvem uma parceria tanto acadêmica quanto romântica, e acabam por descobrir dois novos elementos químicos: o rádio e o polônio. Tais descobertas mudariam o mundo para sempre.

Isso que é casal poderoso!

Uma explosão de confusão!


Radioactive, no entanto, conseguiu uma grande conquista: Ainda que a narrativa se mova em um ritmo preguiçosamente lento, ele ao mesmo tempo consegue atropelar uma informação atrás da outra, como se estivesse lutando contra o tempo para fazer caber tantos acontecimentos. Parabéns a todos os envolvidos! (ou não...)


Os fatos corridos dificultam o aprofundamento em cada detalhe da vida de Marie e, de modo geral, tudo acaba parecendo um grande embaralhado de ocorrências jogadas na cabeça dos espectadores. O relacionamento de Marie com Pierre parece apressado demais, assim como o nascimento de suas duas filhas e, mais importante, o desenvolvimento da pesquisa do casal. É, então, que o filme aparenta perder o rumo de vez e entrega um segundo ato arrastado em meio a uma dramaticidade desnecessária, que pouco se atenta aos eventos que realmente aconteceram. Isso é ou não uma biografia, minha gente?

Marie Curie realmente dormia com um frasco radioativo ao seu lado todas as noites?

Contudo, isso não é a única coisa em que a produção se perde. Desde o início, o filme brinca com uma edição artística que, apesar de bonita, não se encaixa muito bem na temática da obra. O excesso de cenas inseridas, sobreposições e montagens, acabam por transmitir a ideia de que o editor queria mostrar tudo o que ele sabia fazer e, no final, não soube se decidir.


Porém, nada disso é a pior parte da produção. Esse prêmio vai, de longe, para a mensagem confusa que o filme transmite. Em uma cinebiografia sobre a vida da icônica Madame Curie, qual é a necessidade de mostrar acontecimentos como Chernobyl e a Bomba Atômica, como se tais atrocidades fossem relevantes para a história da cientista? O foco devia ser em sua pesquisa, em todas as vidas que ela salvou com tais procedimentos, em todos os obstáculos que ela precisou superar para se sobressair em uma sociedade machista e xenofóbica. Ignorem os constantes flashbacks e flashforwards, por favor!


Quem realmente brilha na história (alerta de spoilers)


Rosamund Pike, essa é para você. A interpretação de Curie pela atriz é, sem dúvidas, o grande destaque da obra. Mesmo em um roteiro falho, que dificulta a conexão do público com a personagem, Pike permite que os telespectadores se emocionem e torçam por ela. Principalmente após a morte de Pierre, a atriz entrega uma performance incrivelmente tocante que fisga o telespectador. E então, mais adiante, somos surpreendidos com outro fato comovente - a relação de Marie com sua filha (Anya Taylor-Joy), que segue os brilhantes passos da mãe na ciência.


Não somente isso como a cenografia também é um diferencial da produção, entregando alguns planos de câmera impecáveis e a sensação de que, de fato, estamos em Paris na época de 1800 e 1900. A obra ambienta muito bem o público por meio dos figurinos, cenários e até com a coloração de cada cena.


E o veredicto é...


De modo geral, o filme transmite uma ideia distorcida em um emaranhado de acontecimentos que não só enfraquecem a importância de uma mulher como Marie Curie, como também a sua genialidade e, principalmente, o carinho que ela tinha pela ciência e os estudantes da área. Com certeza, ela merece melhor!



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