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  • Foto do escritor@luigienricky

Análise | Rita - Temporada Final

Atualizado: 26 de out. de 2020

Rita é aquele tipo de educadora inspiradora que todo mundo já teve. Você pode ter sido o pior aluno da história do seu colégio ou ter estudado numa escola muito ruim, mas com certeza você teve um professor como a Rita na sua vida!

Mille Dinesen vive Rita com tanta verdade que é impossível separa a atriz da personagem


Acima de tudo, um ser humano


Rita é o tipo de ser humano mais comum que existe, aquele que não sabe o que quer. Embora seja uma professora fascinante e dedicada, sua vida pessoal é um caos assim como ela mesma. É difícil para ela se abrir, confiar nas pessoas e criar laços. Ao longo das três primeiras temporadas podemos perceber bem como funciona a cabeça de Rita e na quarta temporada temos um vislumbre do seu passado. Na quinta e última finalmente encontramos uma forma de Rita deixar crescer as suas raízes.


Se você é o tipo de pessoa que só acha entretenimento bom quando existem tramas complexas, histórias mirabolantes, tiro, porrada e bomba, então Rita não é para você. A série tem uma narrativa lenta e calma para que dê tempo de você se conectar com cada personagem e as histórias do cotidiano que os cercam. Isso não é nenhum demérito, ok? Pelo contrário! Precisamos de histórias assim nas nossas vidas!

A série dinamarquesa havia sido finalizada na sua terceira temporada que para mim também foi a melhor, mas advinha quem fez um inferninho na vida da dona Netflix pedindo uma continuação? Isso mesmo os brasileiros! Por causa do sucesso que a série fez por aqui e na América Latina como um todo (talvez por parecer muito com uma novela) conseguimos uma quarta temporada que seria melhor todo mundo esquecer. Depois disso, nada mais foi falado sobre Rita por um bom tempo. A protagonista ficou grávida, atores saíram do elenco e todo mundo achou que acabaria daquele jeito que não foi ruim, mas também não foi necessário. Até que em 2019 fomos surpreendidos com a notícia que a série voltaria para mais uma temporada, mesmo com a pandemia atrasando as coisas um pouco mais que o esperado.

Temas atuais são um marco na narrativa


O que chama a atenção em Rita é como a série se preocupa em trazer temas importantes para debate, na maioria das vezes de forma leve mesmo quando há consequências graves tentando naturalizar o que deve ser naturalizado e indignar o que deve causar indignação. Mesmo que alguns temas não sejam tão familiares para o Brasil, como a imigração por exemplo já que ninguém em sã consciência quer vir pra cá, outros são de importância mundial como aborto, sexualidade, feminismo, etc.


Na quarta temporada, novos assuntos são postos a prova para provocar o espectador, como: Fake News, violência doméstica, abandono paterno e suicídio. Mesmo que alguns desses temas já tenham aparecidos em temporadas anteriores, agora eles voltam para que todos os ciclos possam ser finalizados.


Quase todo mundo está de volta

Halle, Jeppe, Rasmus e o ex marido saco de vacilo de Rita, então de volta


Uma coisa que gerou revolta na quarta e até então oficialmente última temporada de Rita é a ausência de personagens importantes que ajudaram a construir a história até aqui. Principalmente seu filho Jeppe e o contatinho de Rita, Rasmus. Mas nem tudo são flores. Outros personagens não deram as caras mesmo, como os outros filhos Molly e Ricco.


Pode ser que a demora para novos episódio tenha comprometido a agenda dos dois que não conseguiram voltar para ter um final digno. Molly até retorna na última cena do último episódio apenas para dar um tchauzinho sem nenhuma fala, cha-co-ta. Se vocês souberem de alguma teoria da conspiração que eu não saiba envolvendo o elenco, por favor me contem. Minha única prova é que as duas atrizes não se seguem nas redes sociais mas seguem todo o resto do elenco então eu sei que tem caroço nesse angu.


Faltou pouco para chegar lá


Algumas coisas decepcionaram as minhas expectativas que se mantiveram altas o tempo todo como o fato da temporada quatro ser quase completamente ignorada. Tudo bem que foi uma temporada ruim, mas com aquela quantidade de personagens inseridos, inclusive a melhor amiga de infância de Rita que sequer é mencionada, ficou aquele buraco de que algo está faltando.


Ao que pareceu, a temporada quatro foi usada apenas para contar um longo e demorado flashback de como foi a vida da Rita antes de morar em Copenhagen e para devolvê-la a casa onde cresceu para então poder construir a sua escola. Achei um desperdício de tempo e oportunidades, mas na realidade a série nunca se importou muito com os coadjuvantes e se você trouxer para o mundo real, tenho certeza que já teve alguém na sua vida que você gostou muito e hoje não faz a menor de ideia de onde essa pessoa está. E a menos que sejam seus filhos, ta tudo bem ser assim.


A quinta e última temporada é muito boa e isso é um fato, mas ela só pareceu uma desculpa para encerrar a série de forma decente (o que a gente agradece imensamente viu dona Netflix?!), mas a narrativa não parece levar a nenhum lugar, não tem uma trama que te prende a história, entende? Na verdade você pode assistir os episódios na ordem que quiser que não fará a menor diferença para o seu entendimento. Todos os personagens, inclusive a protagonista têm mini arcos para seus finais que são construídos desde o começo da temporada mas nada que contribua para a narrativa ou para tudo que estes personagens viveram até aqui!

Mãe, professora, diretora, mulher, viciada em cigarro e sexo, esta é Rita e eu a amo! Um verdadeiro Caos!


Efeito colateral recomendável


Se você chegou até aqui é porque algo chamou a sua atenção, então dê-se uma chance para consumir conteúdo não americano e se encante como eu me encantei com Rita. É incrível como o clima da Dinamarca casa perfeitamente com a forma como essa história é contada (vê se aprende The Rain).


Ao longo das temporadas, Rita aprendeu a lidar com todas as imperfeições que tem e não a controlá-las ou submeter-se a elas, mas reconhecer que tudo isso faz parte de quem ela é. Uma das únicas coisas que ela não sabia fazer era ouvir, sempre falei isso e fiquei feliz quando percebi que estava em sincronia com a personagem pois essa é a jornada que Rita segue nessa temporada. Ser paciente e ouvir o outro não a torna outra pessoa, apenas a torna uma pessoa melhor.


Claro que uma série como esta, teria a missão de divertir, informar e fazer a gente pensar. O comportamento da protagonista é questionado por muitos personagens, mas com certeza não o seria se ela fosse um homem. Este assunto inclusive retorna com uma das suas alunas em um episódio emocionante. E se você é uma pessoa que está em processo de desconstrução social, com certeza essa série contribuirá muito para você!

Com certeza você irá chorar em algum momento com essas duas que tem uma química maravilhosa juntas.


No fim das contas essa é a jornada de duas professoras


Mesmo tratando das suas vidas pessoais, é em sobre ser professor que essa série mais se empenha. Rita e sua melhor amiga Hjørdis brilham quando estão lecionando. Seja se envolvendo nos assuntos familiares dos alunos ou quando brigam com pais que acham que sabem como educar uma criança. Esses momentos acontecem muitas vezes e são revoltantes.


Nessa temporada, Hjørdis assume o papel de diretora na escola que elas abrem juntas enquanto Rita decide fazer o que ainda não havia feito como professora, dar aula para adultos. Seja lidando com crianças que querem fazer greve de fome em luta pelo meio ambiente ou senhoras que sofrem violência doméstica de pessoas que não são seus maridos, sempre somos direcionado a pensar em como existem pessoas com situações muito mais complicadas que podemos imaginar, principalmente pelo fato da série ser tão cotidiana e realista, isso é bem mais fácil de imaginar.

Mesmo um pouco distantes na ultima temporada, elas estiveram juntas desde o inicio e em todas as temporadas. Nos últimos episódios somos agraciados com um momento lindo de amizade entre as duas que abriu a minha torneirinha que não parava mais de chorar. Inclusive foi a última cena gravada para que as emoções das atrizes fossem o mais realista possível. E foi mesmo!


Meu lado fã me faria dar a nota máxima do site para essa obra prima, mas preciso ser honesto com vocês caros leitores. Espero que essa nota não faça vocês torcerem o nariz para Rita e companhia.


Devemos ser nossa prioridade!


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