Luigi Leite
Análise | Sex Education: Temp 3 - Cada vez mais assertiva e necessária
No decorrer da última década, séries consideradas teens deram uma guinada em seus roteiros e passaram a ser mais responsáveis e informativas sem deixar de lado toda aquela tensão (e tesão) adolescente onde todo mundo se pega e fazem sexo descontroladamente como se não houvesse amanhã. Exemplos recentes de séries teens com mensagens responsáveis são Euphoria, Atypical, Eu Nunca e, claro, Sex Education!

A jornada até aqui!
Se você está mais perdido que jogadores iniciantes em Pokémon Unite e não lembra de nada do que aconteceu na história até agora, bem, você só precisa de um lembrete do final da temporada passada já que a temporada 3 começa quase que imediatamente após os eventos finais do último ano, quando o pai de Adam espalhou pela escola toda as anotações de Jean sobre as dúvidas sexuais dos alunos, tornando Mordale nacionalmente conhecida como a Escola do Sexo (Deus me livre, mas quem me dera).
Afim de corrigir as coisas que saíram completamente do limite, uma nova diretora é designada para assumir as rédeas da situação. Sua apresentação faz parecer que ela é uma pessoa divertida, compreensiva e que pretende mudar alguns hábitos inapropriados dos alunos com base em seus valores conservadores. O que poderia dar errado, não é mesmo? (Contém ironia). Também poderemos ver o desenrolar do romance entre Eric e Adam e do triângulo amoroso de Maeve, Otis e Isaac, este último tendo uma das cenas de amor mais belas e sensíveis da história do cinema. Parabéns a equipe de elenco que sempre manda muito bem nesse assunto.

Novos romances e novos dilemas!
No começo da história de Sex Education, Otis era um adolescente que tinha dificuldades em se tocar (fazer fap fap, se é que me entendem) e passa a achar que tem algo errado com ele. Por crescer ouvindo as sessões de terapia sexual que sua mãe ministrava, ele se tornou quase especialista no assunto, passando a cobrar dos colegas de escola para tirar suas dúvidas em relação às suas sexualidades. Com o passar dos episódios ele evoluiu bastante em relação às suas limitações ao mesmo tempo em que parece regredir emocionalmente toda vez que Maeve está envolvida.
Com o vazamento do diário de Jean, Otis e Maeve decidem parar com a clinica clandestina e passam a viver suas vidas em que o protagonista se torna uma maquina de sexo e seu antigo par romântico vive os horrores de uma vida sofrida com sua mãe dependente química e o medo de não conseguir investir em seus estudos por falta de dinheiro, ficando bem claro ao espectador as diferenças entre as vidas de um e outro e a importância que o dinheiro tinha para cada um.
Outros personagens também têm suas histórias bem desenvolvidas com seus próprios dilemas. Eric continua sem saber o que quer, Aimee começa a tratar seu trama pós abuso sexual, Ruby (rainha injustiçada) tem mais destaque nessa temporada e conhecemos mais da sua história e Lily mostra como uma escola sem incentivo às artes pode destruir a alma de um jovem artista.

Novos personagens!
A terceira temporada da série é dividida em dois momentos distintos, em um deles, dois novos personagens são o destaque principal. A nova diretora e um novo aluno não binárie chamade Karl (perdoem se os pronomes estiverem incorretos). A diretora, como mencionado anteriormente, pretende colocar a escola de volta nos eixos, para isso não medirá esforços para disciplinar seus alunos. Começando com implicações simples como proibir cores de cabelo diferentes do comum até proibir manifestações artísticas que julga inadequadas.
Ao encontro desse ideal obsoleto, temos Karl que defende com unhas e dentes o direto de se vestir como se sentir confortável. É de embrulhar o estômago as cenas LGBTfóbicas que envolve o elenco LGBT da série que está em foco nessa temporada. Além das lutas envolvendo os dois personagens, a temporada também trás discussões nunca vistas antes (pelo menos não por mim) como o relacionamento amoroso entre uma pessoa não binária e um homem hetero cis. Vai dizer que isso não é importante?

O outro momento importante na temporada é justamente o que envolve o protagonista Otis, que está cada vez mais egoísta e pensando apenas nos seus problemas, mas uma vez que as coisas na sua casa estão mudando com a chegada de novos membros, ele passa a olhar mais para os outros e volta a ajudar seus amigos não apenas em questões sexuais, dando uma brecha para o que Otis pode se tornar no futuro.
Alguns personagens continuam irrelevantes e poderiam ser removidos da série para que possamos dar mais aprofundamento aos outros, como é o caso de Rahim, Olivia e Anwar, que continuam sem acrescentar nada para a trama, apenas fazendo volume.
Será o fim?
Após os acontecimentos finais da temporada, muitas coisas ficaram no ar, mas é quase certo que a série deve ter apenas mais uma temporada pois não há muito mais para acontecer. Qualquer coisa que vier após a quarta temporada, pode fazer a série cair num ciclo indesejado de mesmices como acontece com várias histórias que arrastaram para 7, 10, 17 temporadas. Nós não queremos isso, não é?
Emma Mackey, intérprete da Maeve já disse que não sabe se volta para uma continuação (dado o final da sua personagem, pode ser que não volte mesmo) pois já está muito velha para o papel. Mesmo que a Netflix ainda não tenha confirmado nenhuma temporada nova, já pode ser o indicio do que virá (ou não).

Sex Education é uma série OBRIGATÓRIA para todes. Seja você um adolescente que está começando a entender sobre sua sexualidade, um adulto que tem dúvidas ou mesmo um adulto bem resolvido pois informação sobre saúde sexual nunca é demais, não é mesmo?
