La Amaral
Análise | Soul - Uma animação com uma mensagem poderosa!
Vamos falar sobre SOUL!
Recesso de final de ano acabou, então estamos aqui para dar o devido valor e atenção que esse filme merece... E essa fala já mostra se eu gostei ou não, né?
Soul é o novo longa de animação da PIXAR que está disponível exclusivamente no recente Disney+, já que não pode ser lançado pelo cinema. E olha... Sinto cheirinho de estatueta do moço dourado lá!

Se você também é um Millennial, daquela galera aí que é geração final do alfabeto (Y ou Z)...enfim, nascido depois dos anos 80, provavelmente vai se identificar com a constante angústia que é não saber EXATAMENTE o que quer fazer da vida, quase como uma eterna insatisfação. Nós temos muitas ambições, sonhos, propósitos que achamos que é nossa missão de vida, mas os caminhos que a vida precisa tomar não necessariamente segue o idealizado. Pois, então, o filme Soul fala sobre isso. Se você é desses, segue aí na leitura, se não é... Segue também para entender aqueles que são, por favorzinho! Certeza que haverão identificações ainda assim!
Sinopse
Soul trata da história de Joe Gardner, um músico apaixonado por Jazz que acredita que um dia terá sua grande chance de viver de suas apresentações, porém hoje trabalha insatisfeito como professor temporário de música em um colégio.
No mesmo dia que Joe recebe a notícia de que seria efetivado na escola, onde todos comemoraram (menos ele), também é convidado para fazer um teste com uma grande banda de jazz e consegue uma chance de se apresentar junto naquela noite. Afobadíssimo e empolgado com a oportunidade, Joe sai à rua falando ao celular sem prestar atenção ao mundo acontecendo ao seu redor, e então cai em um bueiro aberto.
Mas acalmem seus coraçõezinhos... Joe não morre. Em formato de alma, surge ali em outra dimensão, no “além vida”, em cima de uma esteira que o leva até o “caminho da luz”. Sem aceitar esse destino, ele sai correndo até entrar num espaço onde pequenas alminhas, antes de nascer, estão tendo suas características pessoais construídas e, para isso, precisam de mentores para auxiliá-las a encontrar seus gostos e talentos... Aquilo que fazem de você, você! No entanto, ele não é um mentor recrutado para isso, porém vai tentar fazer de tudo para conseguir voltar para a terra junto dessas “alminhas”.

Agora, assumindo o tom de uma boa narração de comercial de filmes em TV aberta: Joe vai passar por várias aventuras com 22, sua pupila que não vai facilitar sua vida! Mas, mal sabiam eles, que isso iria ser transformador! PLIM PLIM!
Análise sem spoilers
Bom, não é de hoje que temos percebido que os filmes da produtora PIXAR não são idealmente feitos para crianças não. É claro que usam de atributos visuais e pontos estratégicos no roteiro que atingem à graça desse público, porém sua essência é para nós adultos que precisam de uma dose lúdica na vida para conseguirmos fazer um repensar (ou perceber) certas coisinhas essenciais que possam não estar tão claras sobre nós mesmos.
E eles acertam sempre NA MOSCA!
De maneiras muito sutis, o recado que eles propõem à nós vai acontecendo aos pouquinhos... Enquanto Joe fica focado na sua “grande chance”, como se ele só estivesse vivo para suprir esse propósito (você vai ouvir muito essa palavra por lá como sugestão de reflexão), sua vida vai acontecendo de outras maneiras e se esvaindo pelos seus dedos que ele acha que só servem para dedilhar o piano. John Lennon uma vez disse:
“A vida é aquilo que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos”...
Para mim, essa frase resume o filme todo.
No momento, logo lá no início, que Joe fica ao celular empolgado com a chance de tocar com a banda, ele não presta atenção na rua e em nada que está acontecendo. É nesse momento que os roteiristas dão uma pincelada no que eles estão querendo nos dizer. Ele está tão focado em talvez ter conquistado aquilo que acredita ser sua missão, que passa por várias “quase mortes” e nem se dá conta.

Não me levem a mal, é incrível termos planos para nossa vida, isso nos ajuda a traçar direcionamentos. Nós sabermos de nossos talentos, nossos desejos, do que somos capazes de fazer e o que gostaríamos que nossa vida alcançasse para sermos finalmente satisfeitos, isso trás vivacidade... Mas é aí que está o pulo do gato (pegou a referência?): quanto mais a gente experimenta a vida, mais vamos nos dando conta de mais coisas ainda que somos capazes, e que talvez possamos vir a gostar bastante.
Nós não temos controle no que de fato é nossa missão (ou se isso realmente existe)... A vida simplesmente acontece e, no fim, nós vamos acompanhando ela querendo ou não. Não sabemos o que vai acontecer amanhã para termos certeza do caminho que a nossa vida tem que seguir para que nossos desejos sejam inteiramente satisfeitos, ou mesmo se sabemos exatamente que o que desejamos é o que a gente realmente vai gostar de fazer, no fim das contas.

Mãs... tem uma outra questão também! Nem todo mundo ficou satisfeito com o final do filme! Pois é... causou discórdia. Então, é por isso que eu vou passar aqui a MINHA interpretação, então pode ser que seja considerado SPOILER! Fica avisado!
Sobre o final
Eu gostaria sim de ter visto, por fim, o que que aconteceu com eles quando chegaram de volta a terra. É óbvio, eu sou humana e sou curiosa também! Mas, se os roteiristas nos dessem de mão beijada o resultado disso tudo, toda a proposta deles cairia por terra.
Explico: Se dessem um final, esse final se tornaria o propósito do filme, que tudo que rolou foi para que chegasse naquilo E PONTO FINAL. O final seria aquele e pronto, como se fosse para isso que o filme existiu, da mesma forma que a gente talvez peque em dizer que a nossa vida também só existe para tal fim. Eu vejo que, na verdade, esse filme propõe para quem o assistir que tire suas próprias conclusões, mesmo que talvez elas sejam o oposto do que os criadores gostariam. Porque, se eles quisessem impor qual o verdadeiro motivo que inspirou eles a fazer o filme, eles tornariam essa motivação um propósito absoluto, sem dar oportunidade para diversas outras perspectivas e oportunidade de leituras.

E ai, qual foi a sua percepção? Combinou com a minha? Não combinou? Nos conta aí a sua perspectiva para que, junto da minha, possamos ampliar cada vez mais os olhares sobre vida!
